Nova edição do podcast Asa da Palavra – está no ar!

23 out 2024
Nova edição do podcast Asa da Palavra – está no ar!

Saiu a nova edição do podcast Asa da Palavra!!! Disponível no Spotify e no YouTube. Abaixo, resenha da entrevistadora, Tamara Freira. A entrevistada é a procuradora Geórgia Campello.

 

O estrangeiro

O estrangeiro é um dos livros da trilogia da filosofia do absurdo, ponto central do pensamento do autor, que contém ainda um ensaio – O Mito de Sísifo – e uma peça teatral – Calígula.

Narrado em primeira pessoa, a obra se inicia com uma espécie de diário de memórias feito pelo personagem Meursault, que recebe a notícia de morte de sua mãe. A partir daí, seja sob o viés da narrativa ou do que se narra, começamos a conhecer um homem esvaziado de si, opaco na sua existência, que vai ao enterro da mãe sem aparentar sofrimento por sua morte.

Acompanhamos Mersault em sua saída do asilo, preocupado apenas em dormir, ir ao cinema com uma moça que ele tem certo interesse e no dia seguinte ir à praia. Alheio e levado pelos acontecimentos que se encadeiam na obra, Mersault, um homem atado apenas a suas sensações corpóreas, aceita ajudar um vizinho envolvido em um crime, que o presenteia com um convite a uma casa de praia em Argel.

Andando na praia armado, como quem porta talvez um cigarro, Mersault, fustigado pelo sol, se depara com um árabe, alguém que lhe parece inimigo e, dispara contra ele o revólver. Cinco tiros. O primeiro matou. Restaram a arma, que lhe é estrangeira, a sua vida, e a morte do outro que também o são.

Preso e levado ao Tribunal, assistimos à condenação de um homem, não sobretudo por ter matado um homem, mas por não ter chorado no velório da mãe.

É no confronto entre a recusa do mundo e a consciência humana que está o Absurdo de Camus. Perante este confronto, ao assumir o absurdo como parte da vida, o ser humano encontra sua liberdade, uma liberdade única do existir, uma liberdade contra os códigos morais e religiosos, onde a vida é vivida ao máximo, em uma imanência radical, onde a razão, ainda que não seja inútil, não é o mote primordial do viver.

Estas e outras questões emergentes desta magnífica e importantíssima obra foram tratadas pela convidada Geórgia Campelo. Venham conferir e descobrir que a pedra empurrada por Sísifo montanha acima, que logo desce rolando ao chão é um ato de entrega profunda e um encontro possível com a felicidade.

OUÇA AQUI NO SPOTIFY

OUÇA NO YOUTUBE