Está no ar novo episódio do podcast “Asa da Palavra”

17 jul 2023
Está no ar novo episódio do podcast “Asa da Palavra”

pagador de promessas

No quarto episódio do podcast Asa da Palavra, os procuradores Tamara Freire, Wilson Chaves e Bruno Prazeres partilham suas impressões sobre o livro “O Pagador de Promessas”. O bate-papo é leve e traz reflexões sobre liberdade, lealdade e intolerância religiosa. Confira no Spotify (clique aqui).

O Pagador de Promessas é uma peça teatral escrita por Dias Gomes em 1959, posteriormente filmada por Anselmo Duarte, com grande sucesso no cinema, contrariando a ideia de que excelentes textos ou livros clássicos não rendem bons filmes.

O texto narra o calvário de Zé do Burro, um homem humilde e puro em sua fé, que tenta salvar seu burro Nicolau, fazendo uma promessa para Santa Bárbara, porém em um local de religiosidade de matriz africana, na falta de outro no momento.

Uma vez curado seu burro, Zé parte em peregrinação com a esposa Rosa para cumprir a promessa feita de carregar por léguas uma pesada cruz até o altar da Igreja de Santa Bárbara, em Salvador.

Para seu desespero, contudo, ao chegar à Igreja dedicada à Santa, Zé do Burro se vê impedido de nela entrar pelo padre, sob a alegação de que o pagador fizera sua promessa a uma divindade não católica – Iansã – no sincretismo religioso.

Dentro deste enredo, Dias Gomes deita sua pena, com maestria, sobre a intolerância religiosa, sobre o falso conceito de liberdade urdido pelo capitalismo, sobre a integridade e dignidade do ser humano e sobre o embate entre o homem e o sistema sociopolítico que o rodeia. Mas, não só.

Na dramaturgia de Dias Gomes, podemos ver também a atualização da tragédia grega Antígona, escrita por Sófocles, continuação dramática da peça de Édipo Rei, onde se encontra presente um dos grandes dilemas do herói trágico, que é a busca da efetivação de um direito natural, em oposição ao direito ditado pelos homens, ou seja, as leis terrenas, aplicadas pelas Instituições ou simplesmente reafirmadas pelos detentores do poder.

Outras interpretações e temas podem emergir desta obra e levar os leitores a uma inesgotável teia de entendimentos, como é próprio das obras clássicas.